quinta-feira, 7 de agosto de 2014

manhãs que corrompi

Gostaria de te devolver
todas as manhãs
que corrompi
com minhas mãos ásperas

Ah -infeliz - não posso
Assim como talvez não consiga
escrever um poema
que não seja uma bomba
de flores secas
e ossos queimados

Mas o importante
é que finalmente
estarás leve
e olharás sem receio
para os dias que virão

Não fui mais que um peso cinza
um céu plúmbeo
uma luz mórbida
nos teus cabelos

Sente o cheiro da grama
ouve o cantar dos pássaros
o paraíso é teu

olha para tuas mãos
poderosas - o destino
está aí

Minhas mãos são ásperas
não consigo segurar
a voz dos pássaros

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