terça-feira, 26 de janeiro de 2016

[O Segundo]

O segundo
Que ora consumimos
Cravado no
Transcorrido
A cera disforme
De um círio -

O raio do círculo
Inquieto
Marcando
O pouco que ganhamos
E se perderá

Óbvio é o gesto
Pretérito
Mesmo no instante
De pensá-lo

O movimento é inútil
Não há dínamo que resista
As estrelas se apagam
Preside na noite a quietude
Da máscara mortuária.

domingo, 10 de janeiro de 2016

[Não sou o que fui]

Não sou o que fui
Nem o que seria
Sou
A grama
O rasto
de Algas
No corpo

Não serei o que perdi
O que hei de perder
Sou
Despojado
Estátua de sal
Na chuva

Não prometo nada
Convivo calado
Com objetos
Projetos
De silêncio
Passo o tempo em drágeas
Por intervalos de dor

Concubina da insatisfação
Não sei crer
Nem rezar
O mundo se move brusco
Sob meus pés
O mundo explode a cada segundo

E lá no fundo dos
Escombros
Brilha um estilhaço de vidro

É minha voz
Desmaiada


 Contestando o caos.