quarta-feira, 29 de julho de 2015

Pelotas 4:05 AM

Fria noite invernal
A ossatura quebradiça – um vulto
A oscilar na cerração

Asas decepadas
De anjos curvos  
Cata-ventos amassados
Pés lamacentos
Estilhaços de faróis
Bílis e copos plásticos

O tropeço em cântaros
De destilado na rua
Mel de nicotina na garganta
Voz crespa pragueja
Em pensamento

O abismo é um inchaço no fígado
A lua é idealização
Para outro fim de semana
Com os velhos sapatos marrons

O frio arranhando o branco do olho
O pouco que há do rosto
A jaqueta parece um animal atropelado
Colado no corpo

É confortável perder a fé na beleza
Às 4 horas da manhã
A solidão já não dói
A solidão é nada é um arranhão
Sem sangue

Santos
Finalmente
Os cobertores gastos
O vir do sono
Dormir. 

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