quinta-feira, 20 de março de 2014

Datilografia

A enchente levou tudo que eu ainda estava pagando:
Smartphone, tablet, notebook, TV
Todos os meus itens hodiernos

Mas não arrastou a máquina de escrever
Que herdei do meu avô materno

Ela continuou parada no meio da lama
Uma Remington anos 40
Com seu peso vetusto
Por algum motivo venceu
A segunda guerra e a enchente

Com a paciência de um relojoeiro
Limpo a estrutura mecânica
Passo óleo com um pincel
Num trabalho claro e dedicado

Fico com a máquina de escrever
E esse sorriso-poema
Que a enchente

Também não levou.

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