segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Ainda há o café

Ainda há o café
O café puro da manhã:
Para o homem
Fruto estrangeiro do tempo -
Entre paredes cinzas
Da sua pequena casa onde
Guarda o mundo-amuleto
Ainda há o café aromático
Preto esfumaçante
Com sabor de alvorada
Uma cadeira para o domingo
E um silêncio fabricado por ilhas

No horizonte úmido
Não há navegadores
Para o verso amplo /para
As laudas de uma embarcação
Não há ouvido que interpretem
Um organismo de acordes
A forma íngreme de uma melodia

A sensibilidade é um país devastado
As pinturas viram gás e se dispersam
No corredor insólito
(Há olhar que as alimente?)
Todos compram em óticas
Imensas cegueiras

Acende um cigarro
Olha pela janela
Como se olhasse para um lugar
Que já não existe /e
Vai elaborando solidões.

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