O
vento intenta reordenar as penas dispersas no pátio
Dar
forma novamente ao galo – mas é em vão
Juntar
segundos de penas sangue e silêncio
Amanhã
levantarei da cama e assim como o galo
Não
cantarei > estarei disperso no chão do tempo
Que
me perde me desordena me desfaz
Amanhã
meu crânio estará limpo
E
usarei um chapéu conveniente para disfarçar
Estarei
bem vestido perfumado barbeado
E
ganharei trocados para envelhecer mais depressa
Um
bonde ou ônibus me levará
Para
o incerto irretorquível do cotidiano
E
olharei as pessoas e tentarei dar um rosto para elas
Mas
será mais difícil como nos outros dias
(Meu
crânio/ uma ossatura branca e asséptica)
E
finalmente assumirei o olhar de quem não olha mais
É
assim que eles precisam de mim > crânio só-osso
Um
relógio de pulso para não perder a hora
E
um sorriso no rosto.
(Agora
penso no galo morto)
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