Gatos sentados nos monumentos
Sem darem conta do
significado do lugar
Sem darem conta do rastro de
lágrima diário...
Adentrando o labirinto de
tijolo e mármore
Observei as incontáveis lápides
Atentando em alguns nomes
obscuros e datas.
Pensei em todos que ali descansam:
Em algum momento da vida,
corriam
Faziam planos ficavam
nervosos,
E almoçavam rápido para não
perder a hora
Hoje estão livres
Hoje não precisam pagar
contas
Dispensados de trabalhos
embrutecedores
E sem finalidade
De entrar em filas.
De extrair dentes.
Fazer exames preventivos.
Ir a festas pelo bem da
diplomacia.
De tomar remédios para
insônia.
De ir ao psicólogo.
De contrair dívidas e fungos.
E também se livraram do
inconveniente de ir a velórios
Alguns, por momentos em que
não se sentiam vazios,
Puderam ver arrebóis, apreciaram
o gosto do café,
Sentiram a melodia de algumas
canções
E o riso de uma criança.
Estão todos descansando porque
Nem os deuses querem a
imortalidade.
Chegas uma hora que cansa
isso tudo.
Bastam alguns momentos
bonitos
No mais é isso, tudo está
certo
Um dia eu estarei, também
Nas pequenas caixas de
cimento
Descansando
Ou simplesmente ausente
Ou simplesmente ausente
Outros estarão loucos,
comprando a prazo,
Fazendo empréstimos para
trocar de carro,
Inquietos
Com insônia
E indo a cartomantes.
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