“Bioy Casares
lembrou então que um dos heresiarcas de Uqbar declarara que os espelhos e a
cópula são abomináveis porque multiplicam o número dos homens”
Jorge Luis Borges
O espelho é abominável
Me multiplica para me espreitar
Outrora tentei partir a imagem
Era vidro e aço apenas
Ambicionei matá-lo
De fome e sede
Ele se expandiu
Eu que independe
Do gesto
E do corpo
O espelho é o juiz:
Me julga me
dilui
E me condena
Se sobrepõe
Ao ser inerme
Sem imagem
É ele sempre, no fim
A pôr
Um ponto final
Em mim.
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