... e
finalmente o dia rebenta
das dobras
úmidas do alvorecer
no ar o bocejo
amargo
cidade mal
dormida que desperta
o caminhão do
lixo e o gritar desmesurado dos garis
levam a
biografia descartada
a história de
cada ser em seus detritos
expiação
daqueles que não fecharam os olhos ainda
golpe desfechado
nas cortinas transparentes
...claridade...
limbo
violentado
folhas
desfalecidas à cabeceira
escritas com dor
e parcimônia...
rascunhos de
uma vida lamuriada
de uma vida
curvada às portas da agonia
o que paira
como ressentimento & culpa
não cabe num
hai-cai
ou no Mahabharata
os segundos de
metal cravando:
suspiros de
impaciência
o café quente
demais não termina...
parece sem fim
como noite de insônia
abrir a janela
respirar fundo o ar da manhã
que invade o
peito
golpe de espada
o cigarro para
retardar o começo de tudo
pensamento
plúmbeo
o eterno pensar
em si pensar na vida e um sentido
o começo,
recomeçar
um plano a
mais: reelaborar o ser
sem dor ou
autocomiseração
mais um plano
para o mês que vem
água morna
caindo no corpo
mortas células
escorrendo no desvão
fios de cabelo
descendo ao Hades
ao encontro do
enorme detrito humano
monstro que não
para de crescer
mas
o sol ainda é o poema
que
se sobrepõe
o
sol ainda é um deus
acariciando
as lápides obscuras
e
não obstante o homem
a
turvar a vida com sua melancólica ilusão
ele
brilha...
De tantos e tantos planos para o mês que vem... somos filhos da procrastinação.
ResponderExcluirVerdade, querida! Creio que planos devem ser feitos para o dia vigente. Para a hora vigente: Qual o plano para agora? (claro, isso é tudo um plano) Beijos, dear
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